sábado, 26 de novembro de 2011

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.



Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...



Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,



Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?



Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


(Fernando Pessoa(Álvaro de Campos))

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O universo da Tradução e os seus “Favores”

Com base em algumas experiências pessoais desagradáveis e lendo um blog que adoro (www.tradutorprofissional.com.br) decidi escrever o post de hoje, em que vou discutir os “favores” que nos são pedidos todos os dias.

Cada vez mais vejo que é comum quem já trabalha na área de tradução ser abordado por leigos pedindo aquele “favorzinho” para entrar na área, já que não é um ramo muito aberto. Isso porque muitos acham que basta saber um pouco de inglês que qualquer um pode sair por aí traduzindo. Ok! Quer tentar a sorte, vai lá... só por favor, não prostitua a profissão praticando valores abaixo do mercado, etc., pois isso prejudica a todos.

Porém, o motivo deste post, na verdade, é mais um desabafo mesmo! É complicado para uma pessoa que penou, lutou, batalhou absurdos para conseguir alcançar só uma pontinha deste universo que é a profissão, ser cobrada, como se fosse obrigação dela, ajudar pessoas que de uma hora para outra resolvem se aventurar pelos campos da tradução... quase sempre como um “bico”, “enquanto não aparecer nada melhor”!

Networking em tradução é necessário... é algo que precisa mesmo ser feito; agora networking é uma via de mão dupla, um ajuda o outro. O que tenho visto, no entanto, é muita gente pedindo favor, achando que quem já está na área tem obrigação de ajudar (a qualquer custo) os novatos a entrarem, mas nem um obrigado pela ajuda a maioria desses novatos é capaz de proferir.

I’m so sorry!!! Mas, para mim, nada veio de graça! Se hoje tenho pelo menos um pouco de realização profissional na área, isso veio à custa de muito empenho, trabalho, estudo, noites em claro. Encontrei pessoas maravilhosas em meu caminho e que me ajudaram a fazer essa trajetória não ser ainda mais penosa, mas, nunca nada caiu do céu! Tradução é dedicação. É não ter medo de trabalhar muuuuito, não ter medo de abrir mão da sua vida social às vezes, é não deixar nunca de estudar, nunca de correr atrás de novos contatos para trabalho, de novidades da área... é ler o que os profissionais do ramo estão comentando, como é o caso do Blog Tradutor Profissional, que citei acima. Enfim, não é milagre, é esforço, muito esforço! Portanto, sei que posso deitar minha cabeça no travesseiro todas as noites e dormir em paz, afinal, tudo o que consegui nesta área foi com dedicação e sei que, apesar de tudo, faço todo o possível para ajudar quem merece.

(Mari Ormenese)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O português brasileiro no mundo e a tradução

http://www.publishnews.com.br/telas/colunas/detalhes.aspx?id=65307



Seu autor dá uma visão geral do que é a tradução, da evolução da atividade, explica a predominância de um idioma com relação a outro de maneira muito pertinente, com um embasamento teórico.

Vale a pena a leitura!!!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Regulamentação da Profissão de Tradutor

É interessante notar como ainda há lacunas nesta área de atuação.
O mercado de trabalho já evoluiu muito e está abraçando cada vez mais profissões, dando oportunidades cada vez maiores a todos. Profissões mais recentes, como as ligadas à tecnologia, já estão sendo regulamentadas, etc.; até mesmo profissões como a de prostituta já foram legalizadas, no entanto, os tradutores ainda não tiveram o seu reconhecimento.
Interessante notar que a profissão de tradutor e intérprete de Libras foi regulamentada em 2010, mas as demais áreas da tradução continuam sem este reconhecimento.
O que chama atenção neste caso é que Tradução e, consequentemente, a profissão de tradutor, é uma prática muito antiga e bastante comum hoje, em tempos da famosa globalização.
Temos uma demanda enorme de trabalho, mas como não há esta legalização do tradutor (bem como de outros profissionais da área, como o intérprete, o revisor, o legendador), o que vemos hoje é uma exploração dos profissionais. Paga-se pouco, exige-se muito, além da fama de “bico” que o ramo ganhou, já que sem a regulamentação, em tese, qualquer pessoa pode trabalhar como tradutor, diferentemente de um médico ou advogado, que precisa ter formação superior específica em sua área, especializações, etc.
Acho que já é tempo de termos este reconhecimento, afinal, sem os tradutores, o tão sonhado mundo globalizado, a integração dos povos, a disseminação da cultura, nada disso poderá ser alcançado.
Defendo a legalização, a regulamentação e a normatização da profissão, pois só assim teremos os nossos direitos amplamente garantidos e os clientes terão maior qualidade de serviços, já que garantiremos que apenas profissionais de verdade atuem no ramo. Profissionais preparados, pessoas que passaram anos de suas vidas se dedicando aos estudos das línguas e da tradução. Traduzir é uma arte, mas não é para qualquer um.

(Mari Ormenese)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Profissão: Tradutora

Resumindo em uma palavra o que a tradução é para mim: uma PAIXÃO! Muito mais que a minha profissão, a tradução é algo muito querido em minha vida. Trabalho longas horas por dia, encaro uma série de dificuldades para conseguir manter a qualidade dos trabalhos, entregando dentro de prazos cada vez mais apertados, busco sempre novas oportunidades, tanto de trabalho quanto de aprendizado. Não paro nunca, nem quero parar! Tradução é um aprendizado constante... é estar sempre buscando muito mais do que apenas termos específicos de uma determinada área. Traduzir é mergulhar de cabeça no assunto, no texto, nos idiomas de partida e de chegada. Traduzir é explorar o texto até suas camadas mais profundas, é talvez conhecê-lo melhor até do que o seu próprio autor. Traduzir é encarar o desafio de escrever para especialistas não sendo um especialista naquela área do conhecimento. É trabalhar, pesquisar, ser curioso, não se dar por vencido diante das primeiras dificuldades do caminho. É revirar o Google, glossários, corporas, dicionários e tudo mais que puder ser útil.

Traduzir é ser dedicado tanto com o trabalho em si, quanto na busca de trabalhos! É não desistir logo diante dos “nãos”, diante das pessoas que agem de má-fé com pagamentos, é suportar a ignorância das pessoas que acham que não é profissão, apenas um “bico”. Também é suportar comentários de pessoas que acham que basta saber um pouco do idioma que qualquer um pode ser tradutor. Só mesmo quem trabalha com isso sabe como é e sabe muito bem que saber “se virar” em um idioma é muito diferente da carga de conhecimento necessária para se traduzir um texto.

Enfim, não dá para explicar uma paixão.... só entende quem realmente sente essa paixão em sua vida!

Trabalho há quase 3 anos com traduções, revisões e versões e só me apaixono cada vez mais! Por isso resolvi estender os assuntos deste Blog também para a área da tradução. Farei deste mais um canal para discutir os problemas e as alegrias da minha querida profissão!

(Mari Ormenese)

domingo, 20 de novembro de 2011

Goethe



"Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência para podermos existir."

"Sou uma parte dessa força que embora deseje o mal, no entanto, origina o bem."

"O homem deseja tantas coisas, e no entanto precisa de tão pouco."

"Não se possui o que não se compreende."

"Diz-se da melhor companhia: a sua conversa é instrutiva, o seu silêncio, formativo."

"Gosto daquele que sonha o impossível."

"Quanto mais um homem se aproxima de suas metas, tanto mais crescem as dificuldades."

"Falar é uma necessidade, escutar é uma arte."

"Não basta saber, é preciso também aplicar; não basta querer, é preciso também fazer."

"O amor e o desejo são as asas do espírito das grandes façanhas."