quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MUDANÇA

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

***Clarice Lispector

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


(Vinícius de Moraes)

sábado, 26 de novembro de 2011

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.



Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...



Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,



Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?



Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


(Fernando Pessoa(Álvaro de Campos))

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O universo da Tradução e os seus “Favores”

Com base em algumas experiências pessoais desagradáveis e lendo um blog que adoro (www.tradutorprofissional.com.br) decidi escrever o post de hoje, em que vou discutir os “favores” que nos são pedidos todos os dias.

Cada vez mais vejo que é comum quem já trabalha na área de tradução ser abordado por leigos pedindo aquele “favorzinho” para entrar na área, já que não é um ramo muito aberto. Isso porque muitos acham que basta saber um pouco de inglês que qualquer um pode sair por aí traduzindo. Ok! Quer tentar a sorte, vai lá... só por favor, não prostitua a profissão praticando valores abaixo do mercado, etc., pois isso prejudica a todos.

Porém, o motivo deste post, na verdade, é mais um desabafo mesmo! É complicado para uma pessoa que penou, lutou, batalhou absurdos para conseguir alcançar só uma pontinha deste universo que é a profissão, ser cobrada, como se fosse obrigação dela, ajudar pessoas que de uma hora para outra resolvem se aventurar pelos campos da tradução... quase sempre como um “bico”, “enquanto não aparecer nada melhor”!

Networking em tradução é necessário... é algo que precisa mesmo ser feito; agora networking é uma via de mão dupla, um ajuda o outro. O que tenho visto, no entanto, é muita gente pedindo favor, achando que quem já está na área tem obrigação de ajudar (a qualquer custo) os novatos a entrarem, mas nem um obrigado pela ajuda a maioria desses novatos é capaz de proferir.

I’m so sorry!!! Mas, para mim, nada veio de graça! Se hoje tenho pelo menos um pouco de realização profissional na área, isso veio à custa de muito empenho, trabalho, estudo, noites em claro. Encontrei pessoas maravilhosas em meu caminho e que me ajudaram a fazer essa trajetória não ser ainda mais penosa, mas, nunca nada caiu do céu! Tradução é dedicação. É não ter medo de trabalhar muuuuito, não ter medo de abrir mão da sua vida social às vezes, é não deixar nunca de estudar, nunca de correr atrás de novos contatos para trabalho, de novidades da área... é ler o que os profissionais do ramo estão comentando, como é o caso do Blog Tradutor Profissional, que citei acima. Enfim, não é milagre, é esforço, muito esforço! Portanto, sei que posso deitar minha cabeça no travesseiro todas as noites e dormir em paz, afinal, tudo o que consegui nesta área foi com dedicação e sei que, apesar de tudo, faço todo o possível para ajudar quem merece.

(Mari Ormenese)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O português brasileiro no mundo e a tradução

http://www.publishnews.com.br/telas/colunas/detalhes.aspx?id=65307



Seu autor dá uma visão geral do que é a tradução, da evolução da atividade, explica a predominância de um idioma com relação a outro de maneira muito pertinente, com um embasamento teórico.

Vale a pena a leitura!!!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Regulamentação da Profissão de Tradutor

É interessante notar como ainda há lacunas nesta área de atuação.
O mercado de trabalho já evoluiu muito e está abraçando cada vez mais profissões, dando oportunidades cada vez maiores a todos. Profissões mais recentes, como as ligadas à tecnologia, já estão sendo regulamentadas, etc.; até mesmo profissões como a de prostituta já foram legalizadas, no entanto, os tradutores ainda não tiveram o seu reconhecimento.
Interessante notar que a profissão de tradutor e intérprete de Libras foi regulamentada em 2010, mas as demais áreas da tradução continuam sem este reconhecimento.
O que chama atenção neste caso é que Tradução e, consequentemente, a profissão de tradutor, é uma prática muito antiga e bastante comum hoje, em tempos da famosa globalização.
Temos uma demanda enorme de trabalho, mas como não há esta legalização do tradutor (bem como de outros profissionais da área, como o intérprete, o revisor, o legendador), o que vemos hoje é uma exploração dos profissionais. Paga-se pouco, exige-se muito, além da fama de “bico” que o ramo ganhou, já que sem a regulamentação, em tese, qualquer pessoa pode trabalhar como tradutor, diferentemente de um médico ou advogado, que precisa ter formação superior específica em sua área, especializações, etc.
Acho que já é tempo de termos este reconhecimento, afinal, sem os tradutores, o tão sonhado mundo globalizado, a integração dos povos, a disseminação da cultura, nada disso poderá ser alcançado.
Defendo a legalização, a regulamentação e a normatização da profissão, pois só assim teremos os nossos direitos amplamente garantidos e os clientes terão maior qualidade de serviços, já que garantiremos que apenas profissionais de verdade atuem no ramo. Profissionais preparados, pessoas que passaram anos de suas vidas se dedicando aos estudos das línguas e da tradução. Traduzir é uma arte, mas não é para qualquer um.

(Mari Ormenese)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Profissão: Tradutora

Resumindo em uma palavra o que a tradução é para mim: uma PAIXÃO! Muito mais que a minha profissão, a tradução é algo muito querido em minha vida. Trabalho longas horas por dia, encaro uma série de dificuldades para conseguir manter a qualidade dos trabalhos, entregando dentro de prazos cada vez mais apertados, busco sempre novas oportunidades, tanto de trabalho quanto de aprendizado. Não paro nunca, nem quero parar! Tradução é um aprendizado constante... é estar sempre buscando muito mais do que apenas termos específicos de uma determinada área. Traduzir é mergulhar de cabeça no assunto, no texto, nos idiomas de partida e de chegada. Traduzir é explorar o texto até suas camadas mais profundas, é talvez conhecê-lo melhor até do que o seu próprio autor. Traduzir é encarar o desafio de escrever para especialistas não sendo um especialista naquela área do conhecimento. É trabalhar, pesquisar, ser curioso, não se dar por vencido diante das primeiras dificuldades do caminho. É revirar o Google, glossários, corporas, dicionários e tudo mais que puder ser útil.

Traduzir é ser dedicado tanto com o trabalho em si, quanto na busca de trabalhos! É não desistir logo diante dos “nãos”, diante das pessoas que agem de má-fé com pagamentos, é suportar a ignorância das pessoas que acham que não é profissão, apenas um “bico”. Também é suportar comentários de pessoas que acham que basta saber um pouco do idioma que qualquer um pode ser tradutor. Só mesmo quem trabalha com isso sabe como é e sabe muito bem que saber “se virar” em um idioma é muito diferente da carga de conhecimento necessária para se traduzir um texto.

Enfim, não dá para explicar uma paixão.... só entende quem realmente sente essa paixão em sua vida!

Trabalho há quase 3 anos com traduções, revisões e versões e só me apaixono cada vez mais! Por isso resolvi estender os assuntos deste Blog também para a área da tradução. Farei deste mais um canal para discutir os problemas e as alegrias da minha querida profissão!

(Mari Ormenese)

domingo, 20 de novembro de 2011

Goethe



"Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência para podermos existir."

"Sou uma parte dessa força que embora deseje o mal, no entanto, origina o bem."

"O homem deseja tantas coisas, e no entanto precisa de tão pouco."

"Não se possui o que não se compreende."

"Diz-se da melhor companhia: a sua conversa é instrutiva, o seu silêncio, formativo."

"Gosto daquele que sonha o impossível."

"Quanto mais um homem se aproxima de suas metas, tanto mais crescem as dificuldades."

"Falar é uma necessidade, escutar é uma arte."

"Não basta saber, é preciso também aplicar; não basta querer, é preciso também fazer."

"O amor e o desejo são as asas do espírito das grandes façanhas."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estamos com Fome de Amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lygia Fagundes Telles

"Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas."

"Aprendi desde cedo que fazer higiene mental era não fazer nada por aqueles que despencam no abismo. Se despencou, paciência, a gente olha assim com o rabo do olho e segue em frente. Imaginava uma cratera negra dentro da qual os pecadores mergulhavam sem socorro. Contudo, não conseguia visualizar os corpos lá no fundo e isso me apaziguava. E quem sabe um ou outro podia se salvar no último instante, agarrado a uma pedra, a um arbusto?... Bois e homens podiam ser salvos porque o milagre fazia parte da higiene mental. Bastava merecer esse milagre."

"Descobri outro dia que a gente só se mata por causa dos outros, para fazer efeito, dar reação, compreende? Se não houvesse ninguém em volta para sentir piedade, remorso e etc. e tal, a gente não se matava nunca. Então descobri um jeito ótimo, me matar e continuar vivendo. Largo meus sapatos e minha roupa na beira do rio, mando cartas e desapareço."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Clarice Lispector...

Algumas das famosas frases da Clarice que me retratam muito bem!!!



"Eu sou assim, quero tudo e quero agora! Uns chamam de mimada, mas eu prefiro decidida..."

"Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões."

"O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade."

"Sou tão misteriosa que não me entendo..."

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil..."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

"Sempre! "Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige".

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar."

"Porque, às vezes, acordar tem lá suas muitas desvantagens..."

"Inútil querer me classificar,eu simplesmente escapulo não deixando. Gênero não me pega mais."

"Eu preciso de algumas horas de solidão por dia senão “me muero”."

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

"Toda vida é uma missão secreta..."

(M.O.)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Perigo da Hesitação Prolongada

Toda a gente há-de ter notado o gosto que têm os gatos de parar e andar a passear entre os dois batentes de uma porta entreaberta. Quem há aí que não tenha dito a algum gato: «Vamos! Entras ou não entras?» Do mesmo modo, há homens que num incidente entreaberto diante deles, têm tendência para ficar indecisos entre duas resoluções, com o risco de serem esmagados, se o destino fecha repentinamente a aventura. Os prudentes em demasia, apesar de gatos ou porque são gatos, correm algumas vezes maior perigo do que os audaciosos.

Victor Hugo, in 'Os Miseráveis'

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS - Mario Quintana


A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

La Bella Donna della mia Mente - Oscar Wilde


MY limbs are wasted with a flame, 
  My feet are sore with travelling, 
For calling on my Lady’s name 
  My lips have now forgot to sing. 
  
O Linnet in the wild-rose brake         5
  Strain for my Love thy melody, 
O Lark sing louder for love’s sake, 
  My gentle Lady passeth by. 
  
She is too fair for any man 
  To see or hold his heart’s delight,  10
Fairer than Queen or courtezan 
  Or moon-lit water in the night. 
  
Her hair is bound with myrtle leaves, 
  (Green leaves upon her golden hair!) 
Green grasses through the yellow sheaves  15
  Of autumn corn are not more fair. 
  
Her little lips, more made to kiss 
  Than to cry bitterly for pain, 
Are tremulous as brook-water is, 
  Or roses after evening rain.  20
  
Her neck is like white melilote 
  Flushing for pleasure of the sun, 
The throbbing of the linnet’s throat 
  Is not so sweet to look upon. 
  
As a pomegranate, cut in twain,  25
  White-seeded, is her crimson mouth, 
Her cheeks are as the fading stain 
  Where the peach reddens to the south. 
  
O twining hands! O delicate 
  White body made for love and pain!  30
O House of love! O desolate 
  Pale flower beaten by the rain! 

Amor Intellectualis by Oscar Wilde


OFT have we trod the vales of Castaly 
  And heard sweet notes of sylvan music blown 
  From antique reeds to common folk unknown: 
And often launched our bark upon that sea 
Which the nine Muses hold in empery,         5
  And ploughed free furrows through the wave and foam, 
  Nor spread reluctant sail for more safe home 
Till we had freighted well our argosy. 
Of which despoilèd treasures these remain, 
  Sordello’s passion, and the honied line  10
Of young Endymion, lordly Tamburlaine 
  Driving his pampered jades, and more than these, 
The seven-fold vision of the Florentine, 
  And grave-browed Milton’s solemn harmonies.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Animals by Walt Whitman

"I think I could turn and live with animals, they are so placid and self-contain'd,
I stand and look at them long and long.

They do not sweat and whine about their condition,
They do not lie awake in the dark and weep for their sins,
They do not make me sick discussing their duty to God,
Not one is dissatisfied, not one is demented with the mania of owning things,
Not one kneels to another, nor to his kind that lived thousands of years ago,
Not one is respectable or unhappy over the whole earth.

So they show their relations to me and I accept them,
They bring me tokens of myself, they evince them plainly in their possession.

I wonder where they get those tokens,
Did I pass that way huge times ago and negligently drop them?

Myself moving forward then and now and forever,
Gathering and showing more always and with velocity,
Infinite and omnigenous, and the like of these among them,
Not too exclusive toward the reachers of my remembrancers,
Picking out here one that I love, and now go with him on brotherly terms.

A gigantic beauty of a stallion, fresh and responsive to my caresses,
Head high in the forehead, wide between the ears,
Limbs glossy and supple, tail dusting the ground,
Eyes full of sparkling wickedness, ears finely cut, flexibly moving.

His nostrils dilate as my heels embrace him,
His well-built limbs tremble with pleasure as we race around and return.
I but use you a minute, then I resign you, stallion,
Why do I need your paces when I myself out-gallop them?
Even as I stand or sit passing faster than you.”

- Walt Whitman

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Entre a Cruz e a Espada

Não é nada fácil ficar entre dois extremos. Quando agradamos um, desagradamos outro. Quando agradamos o outro, desagradamos o um. Eita vida complicada, viu! Mais complicado ainda é ficar entre os extremos sabendo que nenhum dos lados tem total razão ou está totalmente equivocado. Então, como encontrar um "meio termo"?

Cedendo um pouco de um lado, sendo mais firme as vezes por outro. Mostrando contentamento por alguma coisa, e descontentamento quando necessário também. Se isso funciona?! Bem, deveria funcionar, mas na prática, às vezes não resolve ou cria ainda mais caso, porque nenhuma das partes se acha incorreta ou aceita as "críticas" sem se ofender de certa forma.

Saber lidar com situações extremas assim é uma arte que às vezes exige muito mais do que apenas paciência. Exige jogo de cintura, muito senso crítico para não se deixar levar pelos apelos emocionais de nenhuma das partes e saber, acima de tudo, separar o que é bom para a gente. Porque, antes de pensar nos outros, precisamos pensar em nós mesmo! Estamos felizes com as nossas escolhas? Estamos realmente fazendo valer a pena?! As pessoas estão fazendo isso tudo valer a pena também? Estamos magoando alguém que amamos de verdade e que também nos ama muito? Estamos sendo justos ou injustos!?

Meu maior medo numa situação como essas é justamente ter "medo". Medo de escolher errado, de fazer o que não deveria ou deixar de fazer o que deveria fazer. Medo de perder oportunidades e momentos que não voltam mais, ou de simplesmente estar pensando nos outros acima de mim mesma.

Vida complicada sim. Conviver com pessoas também é complicado, agora quando envolvemos sentimentos, aí sim... ficamos realmente entre a cruz e a espada.

(M.O.)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Desafios...



Que atire a primeira pedra quem nunca proferiu, ou pelo menos pensou, na célebre frase "a vida é feita de desafios" em algum momento em que as coisas pareciam difíceis!
 
Mas, o pior é que essa frase é muito verdadeira mesmo. Encarar os desafios de frente parece ser o segredo da arte de viver bem, ou de pelo menos se esquivar de boa parte das complicações do dia a dia. Ter pulso firme para encarar, disposição para dar a cara a tapa são requisitos fundamentais para que se enfrente a vida sem maiores sequelas.

Os desafios são muitos, então, enumeremos alguns:

- Escolher bem uma carreira;
- Se dar bem na carreira escolhida;
- Escolher bem um amor;
- Se dar bem no relacionamento com essa pessoa;
- Escolher bem as amizades;
- Mantê-las ao longo da vida;
- Construir uma vida feliz;
- Obter bens materiais;
etc...etc...etc...

Melhor parar a lista por aqui!

O importante é que já dá para concluir que não há realização sem enfrentar alguns espinhos pelo caminho, não há conquista sem luta... Sem alguns ferimentos de leve pelo caminho também! Há uma música que eu adoro e que resume bem esse sentimento, chama-se "Courage" da banda Manowar:


Some want to think hope is lost
see me stand alone
I can't do what others may want
then I'll have no home
So for now wave good-bye and leave your hands held high
Hear this song of courage long into the night
So for now wave good-bye leave your hands held high
Hear this song of courage long into the night
And the wind will bear my cry to all who hope to fly
Hear this song of courage ride into the night
Battles are fought by those with the courage to believe
They are won by those who find the heart
Find a heart to share
This heart that fills the soul will point the way to victory
If there's a fight then I'll be there I'll be there
So for now wave good-bye, leave your hands held high
Hear this song of courage long into the night
And the wind will bear my cry to all who hope to fly
Lift your wings up high my friend fearless to the end
So for now wave good-bye, leave your hands held high
Hear this song of courage long into the night

Bem, eu acho que essa música fala por si! So, "Courage"!!!

(M.O.)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fazer o Presente...

Quantas vezes já não tivemos traumas em nossas vidas? Quantas coisas já não vimos ou ouvimos e que nos machucaram profundamente? Quantas vezes já não nos decepcionamos com as pessoas? Quantas vezes já não vimos os nossos sonhos caírem por terra diante da realidade do dia a dia?

Os traumas vividos no passado podem influenciar negativamente o nosso presente, as nossas escolhas e atitudes. Não é fácil superar o que já machucou, pior ainda se os motivos da dor não forem “tão passado” assim. Em nossos relacionamentos diários precisamos fazer acordos, concessões, mas, principalmente, aceitar as outras pessoas como elas são, com seus defeitos e qualidades. Até aí todos já sabemos, mas como aceitar? Eis a pergunta. Como simplesmente anular o que nos incomoda e olhar apenas a parte boa? Como podemos colocar o individualismo de lado, ignorar as expectativas frustradas, descartar nossos sonhos e encarar a realidade de frente? Como é possível conviver com os defeitos de hoje e os de ontem também?

Vivemos um tempo em que tudo é aceito, tudo é normal, onde parece ser nossa obrigação aceitar tudo, tolerar tudo, agir com naturalidade diante de absurdos, nos fingir de cegos, surdos e ainda ficarmos mudos, para evitar que criem rótulos para nós.

No entanto, penso que o diálogo ainda é a melhor saída. A saída para nos livrarmos de traumas, para aprendermos mais, para nos relacionarmos melhor, mesmo que seja dolorido (às vezes muito dolorido) o fato de falar em vão, falar sem ser ouvido, sem ser compreendido. Quem avisa amigo é! Mesmo com a pressa e a urgência dos tempos atuais, ouvir os outros com critério, colocando o brio de lado, etc., pode ser um bom começo para uma boa mudança.

Todos nós temos traumas, enfrentamos sofrimento e dor e é natural querermos nos proteger, evitar que esses mesmos traumas se repitam em nossas vidas; portanto, é uma espécie de auto-defesa evitarmos tudo o que conhecidamente nos machuca. Porém, na contramão da nossa proteção, aparece a necessidade de conviver... e nenhum tipo de convivência é fácil. As pessoas são diferentes, têm valores diferentes, histórias de vida diferentes, concepções que podem ser completamente divergentes... e aí, o que fazemos então?!

Precisamos ter em mente que todas as pessoas são diferentes e que, não é porque sofremos no passado que será nossa sina sofrer novamente hoje. É importante que saibamos (tentar) perceber e avaliar as causas dos nossos sofrimentos anteriores; precisamos tentar aprender com eles para evitar incorrer no mesmo erro novamente. Já dizia o ditado: "é errando que se aprende". Portanto, experiências ruins no passado podem nos levar a definir melhor o que queremos para o presente, sem prejudicarmos a nós mesmos.

Para estarmos bem, é preciso evoluir! Compartilhar os problemas e buscar soluções, expor as dúvidas e buscar as respostas. Não é fácil... pode machucar, podemos ouvir tudo aquilo que não gostaríamos de ouvir... podemos ouvir muita mentira no meio do caminho, podemos nos deparar com histórias mal contadas ou adaptadas aos interesses de terceiros, mas mesmo assim, nossos relacionamentos interpessoais não podem parar. Podem sim evoluir para algo melhor ou simplesmente nos machucarem ainda mais, e, nesse último caso, a solução parece simples, mas talvez não seja tanto assim!

Mas, a vida é cheia de desafios... portanto, façamos o presente ser o melhor possível; tentemos enterrar os defuntos do passado e fugir das assombrações que eles trazem, e deixemos que o futuro venha por si só até nós.

(M.O.)

domingo, 19 de junho de 2011

O Erro de Ser Correto

Às vezes me surpreendo pensando que no mundo de hoje, que sofre com tantas inversões de valores, parece não ser mais correto ser uma pessoa correta. Por quê? Eu justifico com alguns pequenos exemplos...

1- Hoje para se conseguir um emprego é muito comum (e necessário) o famoso “QI”. A pessoa pode não ser um profissional melhor que os outros tantos que enviaram seus currículos, mas tem um diferencial, uma amizade dentro da empresa e isso é o que basta. Agora, aqueles que tentam seguir pelos caminhos corretos, seguindo a burocracia, acabam não conseguindo resultados positivos. Estranho, não?
2- Falando em burocracia, burlá-la já é parte do cotidiano de todos nós. Tanto que quando procuramos seguir todos os trâmites legais, respeitando os nossos direitos e deveres, geralmente acabamos sendo prejudicados e “passados pra trás” por aqueles que buscam os atalhos para chegar antes aos seus objetivos finais.
3- Respeitar os outros também saiu de moda! Quando você respeita o espaço, os sentimentos, as opções dos outros, simplesmente não recebe esse mesmo respeito de volta. Pior que isso, quando tenta fazer valer esse respeito é que é mais desrespeitado ainda, ridicularizado e taxado de “certinho demais”.
  
Ok. Agora me pergunto, que sociedade é essa em que estamos vivendo hoje? Respeito sempre foi a base da educação, da boa convivência, etc. Estamos perdendo isso!!! Estamos perdendo o respeito pelas pessoas, pelas nossas crianças e elas pela sua infância. Estamos perdendo o respeito pelos nossos idosos e eles pela sabedoria que adquiriram ao longo de suas vidas. Estamos perdendo o respeito pelas nossas mulheres e elas por si próprias. Estamos perdendo o respeito pelos nossos relacionamentos amorosos e de amizade, estamos tratando uns aos outros como “qualquer um”. Não há mais envolvimento verdadeiro, aquele que respeita o espaço, os medos, as manias, as alegrias do outro. Estamos vivendo como se todos fôssemos desprezíveis e dispensáveis, facilmente substituíveis. Porém, os sentimentos, por mais que esqueçamos da presença deles, são parte integrante da nossa vida. Pode não parecer, mas sentimos quando somos desrespeitados, podemos não transparecer por uma infinidade de motivos, mas sentimos e cada acontecimento nos marca e, muitas vezes, a marca é tão profunda que fica para sempre, não importa o que falem ou o que aconteça.
  
Enfim, nessa nossa sociedade, tão esquecida do que é respeito, aqueles que ainda praticam atitudes corretas parecem estar errados; no entanto, eles estão apenas tentando manter a civilidade das relações humanas. Se valorizar, pensar antes de agir, respeitar normas, regras, leis, ter bom senso são atitudes que, se praticadas por todos, fariam do mundo um lugar muito melhor para se viver.

(M.O.)

sábado, 18 de junho de 2011

Perguntas Sem Respostas....

Muitas vezes em nossas vidas nos deparamos com situações, pessoas, fatos... coisas que não temos a menor ideia do porquê estão, de certa forma, relacionadas a nós. Em momentos como esses é comum aceitarmos muita coisa sem questionar e esse não questionamento pode ser perigoso.
  
Qual será a razão para uma pessoa entrar em nossas vidas, por exemplo? Como caminhos, que podem ser muito distintos as vezes, podem se cruzar de repente e unir duas pessoas?
  
Todo esse acaso pode ser maravilhoso ou problemático, dependendo de como questionamos tudo isso e de quais respostas obtemos para essas perguntas. Será que estamos felizes? Será que as coisas caminham como gostaríamos? Será que estamos sendo respeitados o suficiente? Será que estamos fazendo valer a pena? Será que, de fato, vale a pena?
  
A vida não é simples!!! Porém, às vezes conseguimos complicá-la ainda mais, pois, juntamente com os fatos que surgem, aparecem questões a serem respondidas e problemas a serem enfrentados. Será que vale a pena viver assim, enfrentando tudo o que somos obrigados a enfrentar, buscando, muitas vezes, objetivos que jamais serão alcançados? Ou pelo menos que não serão alcançados como gostaríamos?
  
A vida pode castigar, mas também ensina muita coisa. Bons e maus momentos são parte dela. Pessoas boas e ruins fazem parte da nossa estrada. Capítulos agradáveis e desagradáveis compõe o livro de nossa vida, basta saber interpretá-los e vivenciar o que podemos extrair disso tudo.
  
Será que encontrarei respostas para as perguntas ainda não respondidas em minha vida?!

(M.O.)

Clarice Lispector

Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.

...

A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.
O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nEle havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.
Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito."

Pe. Fábio de Melo

Ame-se

"Às vezes sofremos bastante por tentar encontrar alguém que respeite nossos sentimentos, que nos dê atenção e carinho, e que saiba dar valor ao que somos. Se agirmos com impulsividade demais, podemos quebrar a cara muitas vezes. Se nos retraímos, podemos deixar pessoas maravilhosas escaparem... O amor tem seus caprichos, mas uma coisa, cedo ou tarde, é bom que tomemos ciência: de que o importante não é que encontremos alguém que nos ame de verdade, mas que nos amemos profundamente! Por que todas as pessoas poderão passar por nossas vidas, mas nós... ah, nós seguiremos em frente! E amando intensamente!"

Augusto Branco  

domingo, 15 de maio de 2011

Mulheres....

Hoje resolvi discorrer sobre o tema "mulheres", mas não de maneira trivial, falando das dificuldades da mulher moderna, que precisa trabalhar, estudar, cuidar dos filhos ao mesmo tempo. Resolvi escrever sobre os efeitos que esse "mundo moderno" trouxeram para as mulheres.

Já que sempre deve haver um culpado, vamos aqui assumir que o principal hoje seja a mídia (apesar de não ser o único, com certeza!). Pois bem, hoje vemos um enorme apelo sempre mostrando a mulher como uma boneca: Linda por fora, mas sem qualquer conteúdo. Se fizermos uma análise fria dessa situação, não será difícil notar que a mulher, que tanto lutou por liberdade no passado, acabou se tornando prisioneira dela mesma e de uma sociedade que exige dela algo que seria o menos relevante, diante de um universo tão amplo de possibilidades.

Agora que já temos um culpado eleito, precisamos contextualizar a situação! O maior motivador para escrever esse texto foi o fato de eu, sendo mulher, me sentir incomodada vendo como nos desvalorizamos, perdemos o respeito por nós mesmas. Claro, toda regra tem lá as suas exceções, eu não condeno, por exemplo, mulheres que gostam de ter cuidado com sua aparência (inclusive sou uma delas), acho inclusive muito válido, sendo uma atitude que valoriza a nossa feminilidade. Eis aqui então o ponto em que gostaria de chegar! Mulheres que se cuidam, se valorizam, estão sendo nada mais nada menos que mulheres, correto? Sim, se considerarmos que cuidar da aparência é ter cuidado consigo mesma, logo é se respeitar e valorizar! Pois o que vemos hoje é uma certa inversão dessas máximas. Mulher tem que ser feminina, mas será mesmo válido seguir à risca o que a mídia mostra hoje e tomar isso como algo útil para a sua vida??? Bem, eu acho que não!

Cansei de ver essa inversão de valores, o que vemos hoje são mulheres que envergonham... afinal, de que adianta seguir os padrões ditados por uma mídia alienadora e se tornar uma bonequinha de luxo, que só serve de objeto? Que liberdade é essa pela qual lutamos para chegar no século XXI vendo que boa parte das mulheres que ganham reconhecimento na mídia fazem o sucesso que fazem muito mais por seus atributos físicos do que por qualquer outro motivo? E pior, muito pior, estamos vendo cada vez mais essa influência tomando as ruas. É cada vez mais comum vermos mulheres muito mais preocupadas com a aparência do que com seu intelecto. É muito comum vermos mulheres se preocupando muito mais com a roupa que vão vestir, o acessório que vão usar, do que com o seu próprio futuro. Que liberdade é essa que valoriza a futilidade?!

É triste constatar que hoje parece que a mulher se sujeita muito mais do que antigamente, sendo justamente a época em que ela acredita ter mais liberdade.

Sinceramente, tenho pena de ver a ignorância de tantas mulheres e pena também de ver como os homens se deixam levar por mulheres assim. Sinto pena, sobretudo, do futuro de uma sociedade, que está cada vez mais crescendo sobre bases frágeis, sobre coisas banais, pessoas banais. A mulher sempre foi a base da família, de uma sociedade, e hoje o que se vê são meninas (falando em futuro) que cada vez mais valorizam apenas o externo... acham bonito desfilar por aí mostrando seus atributos físicos, como se isso fosse a única coisa de interessante que tivessem para compartilhar (e talvez seja mesmo). Mas também vejo com pena que com essas mulheres, estão também homens, que igualmente valorizam a futilidade, se rendem a relacionamentos inúteis, se submetem muitas vezes ao ridículo diante dos outros, pois muitos consideram uma vergonha sair com determinadas meninas. Enfim, é um círculo vicioso de tendências cada vez mais absurdas, de pessoas cada vez mais vazias e, consequentemente, de uma sociedade cada vez menos regrada, organizada e respeitosa. Afinal, como a mulher pode hoje cobrar respeito se muitas delas não respeitam nem a si mesmas??? Pode haver quem não concorde, mas minha opinião é bem clara quanto isso: mulher que precisa se mostrar por meio de roupas, que precisa se exibir para ouvir elogios, não tem o menor respeito consigo mesma. Na verdade, mulheres assim são imaturas, inseguras e incapazes de lidar com a liberdade e a oportunidade que têm de serem pessoas melhores. Mais uma vez afirmo que acredito ser sim importante a mulher se cuidar, ser feminina, mas valorizando a si mesma e não se tornando apenas mais um objeto de decoração, algo que valha a pena ser exposto. Muitas mulheres não notam que sendo fúteis elas só prejudicam a si mesmas, formando uma auto-imagem ruim e apenas assinando embaixo da alienação a que somos expostos todos os dias. Afinal, para ser mulher de verdade não é preciso ser chamada de "gostosa" nas ruas, não é preciso atrair olhares para o seu decote. Ser mulher é muito mais do que isso, é saber ser frágil ou forte quando necessário, é saber ser delicada, meiga, mas também ser firme. Mulheres lutam por igualdade, mas a partir do momento que não agem de maneira condizente, jamais terão liberdade de verdade.

(M.O.)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hoje é tempo de ser feliz...

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver. Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes. Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas pelas quais você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra, que somos nós, frutos que sejam agradáveis aos olhos! Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje; sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra... Cuidado com os semeadores que não o amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas...Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você; afinal, você merece muito mais que qualquer coisa...

Cuidado com os amores passageiros... Eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam... Cuidado com os invasores do seu corpo... Eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...Cuidado com os olhares de quem não sabe amá-lo... eles costumam fazê-lo esquecer que você vale a pena...Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade... Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... e costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho...Não desanime, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz. Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar e o que amar nesta vida.

(Padre Fábio de Melo)

(Obrigada a minha irmã querida, que me mandou esse texto!!!!!)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PÁSCOA

(texto de Luis Fernando Veríssimo)
- Papai, o que é Páscoa?
- Ora, Páscoa é... Bem...é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa,  se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição.
- Martaaaaa , vem cá !
- Sim?
- Explica para esse garoto o que é ressurreição para eu poder ler o meu Jornal.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido.  Foi o que   aconteceu  com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele Ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu ?
- Mais ou menos...
- Mamãe, Jesus era um coelho?
- O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho!
- Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado!
-Jorgeeeeeee,  esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã!... Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus que me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no Catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Minas Gerais?
- Sacrilégio!!!         
-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?
- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
- Coelho bota ovo? 
- Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era... Era melhor, Sim... Ou então urubu.
- Papai,  Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?
- Que dia ele morreu?
- Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
- Que dia e que mês?
- (???) Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só  aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no  Sábado de Aleluia.
- Um dia depois!
- Não, três dias depois.
- Então morreu na Quarta-feira.
- Não, morreu na Sexta-feira Santa... Ou terá  sido na Quarta-feira de cinzas?
- Ah, garoto, vê se não me confunde ! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
- Papai, porque amarraram um Monte de bonecos de pano lá na rua?
- É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no Sábado?
- Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!
- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
- Uiiii...
- Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba Sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?  
- Ai, coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora de catecismo!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

INJUSTIÇA!!!!

APENAS UM DESABAFO FEITO POR MEIO DA BOCA DE GRANDES PENSADORES! INJUSTIÇA, SEJA ELA POR QUE MOTIVO FOR, EM QUALQUER MOMENTO, É SEMPRE INADIMISSÍVEL!


"A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade [...] promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas."
(Rui Barbosa)

 
"A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar."
(Martin Luther King)

"A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos."
(Barão de Montesquieu)

"Anima-te por teres de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las."
(Pitágoras)


"As injustiças, se alanceiam as vítimas, também ferem quem as faz."
(Camilo Castelo Branco)

"Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado."
(Platão)


"Se sofreu uma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la."
(Demócrito)

"A injustiça atrai a injustiça, a violência gera a violência."
(Henri Lacordaire)

"Se não punires uma injustiça, tu mesmo estarás praticando uma."
(Publílio Siro)


"É melhor sofrer uma injustiça que praticá-la, assim como às vezes é melhor ser enganado do que não confiar."
(Samuel Johnson)

"Os ouvidos suportam uma injustiça com mais facilidade do que os olhos."
 (Publílio Siro)

"O injusto cai por sua injustiça." (Vulgata)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um homem inteligente falando das mulheres!!!

Mais um recebido por e-mail e que vale a pena compartilhar!!!

Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém.

Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.

Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Flores também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

Respeite a natureza. Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia.

Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.

O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay. Só tem mulher quem pode!

Luiz Fernando Veríssimo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O amor tem medida?

Será que é possível medir o amor??? Medir as pessoas???  Não em centímetros, lógico, mas em sentimentos!

Bem, acredito que os tamanhos, nesse caso, devem variar bastante também! Isso porque quando gostamos de alguém, inevitavelmente, passamos a olhar essa pessoa de uma outra forma. Quando há envolvimento, qualquer pessoa se torna maior e mais importante aos nossos olhos!

Por um lado, as pessoas podem ser enormes quando nos tratam com carinho, respeito, atenção.... quando nos olham nos olhos, quando abrem para nós um belo sorriso! (Eis aqui duas preciosas fontes de informações sobre uma pessoa: seus olhos e seu sorriso).  Por outro lado, as pessoas podem ser pequenas quando são egoístas, quando pensam apenas nelas mesmas. No entanto, por mais que esses momentos de egoísmo sejam ruins, eles são importantes, porque é exatamente  neles que conhecemos, de fato, uma pessoa. Quem ama, quem é amigo de verdade, não deixa que seus interesses estejam acima de tudo. Quem ama sabe negociar, sabe dar e também receber, sabe, acima de tudo, compreender.

Uma pessoa torna-se um gigante quando se interessa por nós, pela nossa vida, quando nos ajuda a crescer, sonha com a gente e nos ajuda a colocar nossos sonhos em prática.  Do mesmo modo que uma pessoa torna-se pequena quando se ausenta nos momentos em que mais precisamos de apoio.

Uma pessoa pode se tornar muito grande em nossa vida quando perdoa, quando compreende, quando se coloca em nosso lugar, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que ela espera de si mesma. Pessoas assim atraem coisas boas para nossa vida, nos fazem crescer, melhorar, ter sentimentos e atitudes melhores. Pessoas assim são o tipo de convivência que só traz benefícios para a nossa vida.

Agora, pequena é aquela pessoa que se deixa reger por comportamentos clichês, por moda, aparência... futilidades em geral. Esse é o tipo de convivência que pode ser bastante prejudicial, não agregando nada de útil às nossas vidas e muitas vezes atraindo coisas ruins para a nossa rotina.

Uma mesma pessoa pode ser enorme ou muito pequena dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer em um curto espaço de tempo. Mas, será que a pessoa mudou assim tão rápido ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Será que a pessoa já não era assim antes, mas nós é que não percebíamos?!

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser muito grande. Já uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser bem pequeno. É difícil conviver com tamanha elasticidade, já que é muito tênue o divisor de águas que faz com que as pessoas se agigantem e ou se encolham aos nossos olhos.

Nosso julgamento para esse tipo de situação não pode nem é feito por centímetros, metros, medidas reais, dados palpáveis, mas sim é feito com base em  ações e reações, expectativas e frustrações.

Uma pessoa torna-se única ao estender a mão; e ao recolhê-la inesperadamente se torna apenas mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes, assim como a futilidade. Saber o momento certo de agir é fundamental, a hora de se aproximar e também a hora de se afastar. É preciso saber perdoar, mas também é preciso reconhecer os males e se livrar deles. Ao saber agir da maneira correta no momento oportuno, as pessoas crescem aos nossos olhos e em nossos corações. Afinal, não é a altura, nem o peso, nem os músculos ou a roupa usada que tornam uma pessoa grande, boa ou ruim. Mesmo porque, caráter não se constrói com aparência, muito menos se maquia por trás de um rostinho bonito... As pessoas realmente são grandes quando as suas maiores qualidades estão presentes em seus menores gestos.
 
(M.O.)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Saudades...

Saudade é uma palavra exclusiva da língua portuguesa, nosso idioma foi o único que conseguiu (tentar) definir esse sentimento em apenas uma palavra. Porém, mesmo tendo esse vocábulo, ele nem de longe consegue traduzir a intensidade desse sentimento. Saudade é algo que não se mede, não se defini, não se combate... é algo que não acaba!

E a morte? Será ela só mesmo uma passagem? É confortável pensar que as pessoas que amamos nos deixam para ir a um outro lugar, melhor! No entanto, por mais que possamos ler mil textos, pensamentos, ouvir frases de pêsames, sentimentos e consolo, jamais se apagará de nós a saudade. Saudade dos momentos, dos gestos, das brincadeiras, das palavras e histórias....saudade de cada detalhe, que por menor que seja, é especial e faz falta, muita falta, quando simplesmente é arrancado de nossa rotina.

Qualquer perda é muito ruim, mas perder alguém que amamos é, sem dúvida, a pior delas. Como aceitar que simplesmente nunca mais veremos a pessoa? Como aceitar que nunca mais ouviremos a sua voz, conviveremos com as suas manias?

Meu querido nono nos deixou há pouco e com sua partida, deixou para trás um enorme rastro de saudade. Saudade porque ele era uma pessoa maravilhosa acima de tudo. Tinha seus defeitos, como qualquer um de nós, mas tinha qualidades e essas qualidades fizeram dele um homem muito querido, um homem de muitos amigos... uma pessoa simplesmente cativante.

Não vai ser fácil estabelecer uma nova rotina, agora sem sua presença tão constante, nosso "velhinho pacato", como eu mesma o apelidei anos atrás. Não vai ser fácil não ouvir mais as suas histórias, contadas de um jeito todo especial... quantas histórias nesses quase 87 anos de vida!!!

Como esquecer quem te viu crescer??? Quem fazia questão de ter dar “bom dia”, “boa viagem”, “bom trabalho” todos os dias??? Como esquecer quem estava sempre ali para conversar quando você simplesmente queria jogar conversa fora? É possível esquecer quem sempre tinha uma brincadeira para fazer ou quem sempre entrava nela, quando era você quem começava?

Não!!! Definitivamente, a resposta é NÃO! O tempo pode ajudar a amenizar a falta, mas jamais apagará memórias, histórias, recordações as mais variadas. E essas recordações são tantas que cada detalhe do dia a dia pode nos remeter a elas: uma frase dita, um jeito de segurar um copo ou uma caneca de chá, um cantinho da casa, um objeto, um prato doce ou salgado, datas, vinho... tudo!

Meu nono era meu segundo pai! Um pai totalmente diferente, é verdade, mas não menos querido e amado. Um pai que tinha um jeito todo seu de demonstrar afeto por todos e que apesar de brincalhão, era tímido quando recebia um abraço ou um beijo carinhoso de suas netas. Era um pai que cativava de verdade por ser simplesmente ele mesmo, sem medo de falar o que lhe vinha à cabeça, sem medo de comentar o que queria, falar o que queria, perguntar quando estava curioso (o que era quase sempre!!!). Era um pai que sempre queria ver tudo, saber sobre as suas novidades... era também teimoso como ele só! Sangue italiano, signo de Touro, uma mistura que não deixa dúvidas; pena que essa teimosia acabou sendo-lhe tão prejudicial, apesar de tantos avisos e de ter uma família tão ou mais teimosa que ele quando o quesito era vê-lo bem e com saúde!

É triste acreditar e aceitar que um dia perderemos alguém que gostamos tanto. Como seria bom se nosso amor pudesse torná-las imortais (fisicamente, é claro, porque em nossas memórias, nosso amor é capaz de imortalizá-las sim!).

Sei que não será fácil “comer bulinhas”, beber o tão famoso e querido vinho, sentar na área de casa em um final de tarde ou logo pela manhã, ver TV sem ninguém comentando cada detalhe, reparando cada rosto que aparece sem lembrar de meu vôzinho. Também não será fácil pegar os “feijões” e não ouvir alguém dizendo: “Quer um feijãozinho?”. É, vô, acho que nem mesmo você poderia imaginar que faria essa falta toda! Se existe mesmo um lugar para onde vamos após a nossa passagem pela Terra e se é mesmo possível ver, de lá, tudo o que acontece aqui, o vô deve estar rindo muito... muito alegre e orgulhoso da família que criou, de tudo o que cativou... Afinal, deixou saudades porque merece ser lembrado!

Obrigada por tudo, vô!!! Obrigada por ter nos dado a honra de sua convivência, de ouvir suas histórias, de aprender com você! Foi muito bom poder ter um avô assim nesses 23 anos da minha vida.

(M.O.)